6/22/2010

UM DIA A CASA CAI !

"Cala a boca, Globo" - A guerra entre a internet e a velha mídia
Publicado em 22/06/2010
wiki repórter
Johan
Fortaleza-CE


No começo, era uma ousada e genial gozação, um exemplo máximo de nosso bom humor. Os twiteiros do Brasil se mobilizaram para eleger o assunto "Cala a Boca, Galvão" como o mais digitado no Twitter. E para os gringos, que não entendiam nada, explicavam jocosamente que Galvão era uma espécie de papagaio em extinção, e que "Cala Boca" significa "Salve". Mais hilário impossível. A onda que a Globo ignorou achando ser passageiro, foi tão permanente que foi citado no NY Times e fez a Globo ter de lançar sua prata da casa em uma exibição pública de auto-gozação. Bingo! Os brasileiros internautas dobraram a Globo!

Mas o inusitado virou um acontecimento angular na segunda onda. A Globo, retaliando o Dunga por não oferecer privilégios de exclusividades para ela, como tanto fazia o Parreira, usou o que achou ser um trunfo, imagens com o técnico sussurrando palavrões contra um repórter da Globo. Soltaram a imagem e ao invés de escalar o "ofendido", escalou alguém que nada tinha a ver com o ocorrido, porém era mais popular e carregava o sobrenome do maior jogador de basquete do País, era o álibe perfeito, acharam. Atacaram violentamente Dunga com intenções claras de levar a torcida a um ódio mortal contra o "monstruoso" treinador. Deram um tiro pela culatra.

A Globo, mais uma vez, subestimou a inteligência dos brasileiros, e mais uma vez superestimou o próprio poder. A arrogância foi tal que sequer consideraram que a vitória brilhante da seleção que Dunga comanda poderia ser um momento inoportuno para tentar difamá-lo, ela simplesmente soltou os cães sem dó nem piedade. A resposta dos internautas foi instantânea, no twitter começou a circular a nova campanha, "Cala a Boca, Tadeu Schmitd". Todos os artifícios que usaram na armação, melindrosamente arquitetadas foram totalmente impotentes. Não adiantou usar imagens de sussurros, não adiantou as bravatas, não adiantou colocar o queridinho falando, nada... Lá estava ele, o simpático, unânime e jovial Tadeu se transformando em novo bobo número um da Internet do mundo (pois se trata do ranking mundial).

O que farão os barões da Globo? Jogarão mais uma vez no pelourinho o seu lacaio para se apaziguar com os internautas e assim manter a sua imagem modernosa? Ou tentarão mais uma vez ignorar e torcer para que a onda logo se acabe? Ou então iniciarão uma guerra frontal contra os internautas e a Internet?

Se jogar o Tadeu no pelourinho não será apenas uma reedição jocosa como foi com o Galvão, aonde ele gozava a si mesmo se chamando de papagaio falastrão. Nesse caso, o Tadeu falou em nome por toda a imprensa (isto é, o que a organização Globo acha que representa, toda a imprensa). Se ele for tentar um apaziguamento com a internet, terá que dar a vitória ao Dunga, ou seja, não só sairá derrotada, como seu desafeto sairá vitorioso. E o que é pior para ela, a reincidência, a Globo se dobrando pela voz popular da moderníssima Internet, pelas classes média e alta que pensa representar.

Se escolher entrar em conflito com a campanha, apenas redobrará o engajamento daqueles que já participam, além de dar notoriedade maior estimulando novos adeptos do "Cala a Boca, Tadeu...". E, obviamente, transformará este em "Cala Boca, Globo". Soma-se ao fato a notoriedade internacional negativa, a Globo seria vista como oposta a internet, o que abriria uma nova interpretação internacional sobre o papel dos meios de comunicação privados na América Latina, de vítimas de censuras para culpados desta, de defensores da liberdade de expressão para inimigos desta.

A alternativa de tentar ignorar até que a onda passe, falhou da última vez. Mas sem dúvida será tentada, pois é a menos arriscada. Dessa vez, a Globo não conseguirá escapar sem ter que sofrer uma grande derrota, seja pessoal, ao dar ao Dunga os loiros do mérito e se retratar por sua opinião; seja moral, ao ser noticiada internacionalmente como inimiga da internet.

E agora, plin plin?

Já está em marcha a democratização da mídia... Já tínhamos a arma (internet) e os soldados (internautas). Agora temos a guerra!